Introdução
O Prato
O Motor
Os Circuitos
O Braço
Agradecimentos
Discos da minha coleção:
Rock
Jazz
Eruditos / Vanguarda
MPB
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(REV. 08/2003) |

Toca-discos, após reforma (G.S. 2003)
A falta de equipamentos de áudio de qualidade, a preço acessível,
disponíveis no Brasil nos anos 70, motivou o desenvolvimento de um
toca-discos que estivesse à altura do estado da arte.
O elemento crucial é o sistema motor + prato. A estabilidade da
rotação é essencial para evitar modulação em freqüência no som
reproduzido. Ao invés de utilizarmos tração por correia, como era
comum nos equipamentos da época, optamos por desenvolver um motor de
tração direta, solidário ao prato, com controle eletrônico de
rotação.

Vista inferior do prato. A) Ímãs; B)
Comutadores; C) Tacômetro
O Prato
Para maximizar o momento de inércia e garantir estabilidade de
rotação, o prato é construído de alumínio fundido, pesando cerca de
7 quilos depois de usinado. Seu diâmetro total é de 36 cm. O ponto de apoio está acima do centro
de gravidade, minimizando o atrito e esforços laterais no eixo. O prato inteiro é sustentado por uma esfera de aço de
6 mm de diâmetro, apoiada sobre um disco de nylon, no topo do pino de
sustentação. Partindo de 33 1/3 rpm, o prato demora quase um minuto para parar,
ao ser desligado o motor.
Na sua parte inferior, está o rotor, formado por 16 ímãs de Alnico
(A), colados a um disco de aço. O comutador óptico (B), feito em
cartolina preta, tem por função controlar e seqüenciar o chaveamento de tensão nas bobinas do motor. Na
periferia do prato, está o tacômetro (C), que consiste de um filme de
35 mm adequadamente colado. Os furos laterais do filme são usados para medir a
rotação do prato, através de um sensor óptico.

Motor. A) Sensor de rpm; B)
Comutadores; C) Pino de sustentação; D) Estator
O Motor
O prato é tracionado por um motor "brushless" trifásico, de 16 pólos, com
comutação óptica. Cada um dos 3 sensores infravermelhos (B) controla a tensão
aplicada a cada uma das fases do enrolamento do estator (D), de acordo
com a passagem dos anteparos comutadores, presos no rotor. O sensor (A)
detecta a passagem dos furos do tacômetro, gerando uma freqüência
correspondente à rotação (122.78 Hz para 33 1/3 rpm), que é usada
pelo circuito de controle para ajustar a corrente enviada às bobinas do
estator. Em (C) podemos ver o pino de sustentação, encimado por um
disco de Nylon, sobre o qual equilibra-se o prato.
O torque do motor é suficiente para acelerar o prato de 0 a 33 rpm
em cerca de 10 segundos, quando alimentado com 5 volts.

Circuitos, vista inferior. A) Pré-amplificadores; B)
Microprocessador
Os Circuitos
Antecipando o fim do vinil (e portanto dos amplificadores com entrada
para toca-discos), decidi incluir os pré-amplificadores (A)
junto ao equipamento, fornecendo saída em nível de linha, já
equalizada. Os prés foram projetados para baixo ruído e resposta em freqüência
de acordo com a curva RIAA até 50 kHz.
O circuito de controle, na sua versão original (completada em 1977),
utilizava um conversor freqüência-tensão (monoestável), cuja saída
era comparada com uma tensão de referência obtida de um
potenciômetro. Era possível, portanto, ajustar continuamente a
velocidade do prato, de 10 a 100 rpm aproximadamente. No entanto, sua
estabilidade deixava a desejar.
O circuito foi reformulado em 2003, passando a utilizar um
microprocessador (Atmel AT90S2313). O período do sinal do tacômetro é
medido com precisão, e a tensão aplicada às bobinas é gerada por PWM
pelo microcontrolador. O firmware inclui integração não-linear do
erro, e sinalização luminosa quando a rotação está dentro de +/- 1%
do nominal.

Detalhe da suspensão do braço.
O Braço
Cheguei a fazer testes com um braço tangencial, servo-assistido; mas
as potenciais instabilidades da malha de controle eram muito perigosas
(para a agulha). O braço definitivo, com 29 cm, foi construído com um tubo de fenolite (para absorver
vibrações), com contrapeso ajustável. A suspensão é tipo "gimbal"
nos dois eixos, usando buchas retiradas de um despertador. A base (com
os 4 furos) é... a carcaça de um conector UHF da Whinner.
Originalmente, era usada uma cápsula Shure M75ED Type 2. Atualmente,
o braço está equipado com uma Pickering V15. A regulagem da pressão
(cerca de 2 gramas) é feita tocando "Careful with that axe, Eugene" (do "Ummagumma",
Pink Floyd) e ajustando o contrapeso até eliminar a ocorrência de
distorção. Se a agulha conseguir trilhar essa faixa, então
conseguirá trilhar todas...

Protótipo na bancada (c. 1977); à direita, o mecanismo do
braço tangencial.
Agradecimentos:
- Claude E. Breyton (Telem), pela fundição do prato (14 kg de
alumínio!);
- Frederico R. Hrdlicka, pela usinagem do prato;
- Prof. Aureo Falcone (Equacional), pelas chapas de ferro-silício
do estator;
- José Carlos Stefani (Zeca), pelo incentivo persistente e ajuda total.
Alguns
discos de vinil da minha coleção:
Rock
-
Uriah
Heep: Salisbury (Phonogram, 410.002, 1971) - Segundo álbum dos
fundadores do heavy metal.
-
Pink
Floyd: Ummagumma (Harvest EMI, SHDW 1/2, 1969) - Álbum duplo, ao
vivo e em estúdio. Cuidado com esse machado, Eugene!
-
Pink
Floyd: Relics (Harvest EMI, SHVL-1009, 1971) - Coletânea de
relíquias.
-
Pink
Floyd: The Dark Side of the Moon (Harvest EMI, SHVL-804, 1973) -
Não pode faltar.
-
Trace:
Birds (Philips, 6413.080, 1975) - Instrumental holandês,
interpretando inclusive Bach.
-
Edgar
Froese: Acqua (Virgin, XBLY840.041, 1974) - Produção solo de
Froese (do Tangerine Dream).
-
Emerson,
Lake & Palmer: Pictures at an Exhibition (ATCO, ATLP-003, 1972)
-
Tangerine
Dream: Stratosfear (Virgin, AL34427, 1976) - Moog, Mellotron, etc.
-
King
Crimson: In the Court of the Crimson King (Phonogram, 410.009, 1972)
- Greg Lake antes do ELP.
-
Frank
Zappa: Chunga's Revenge (Bizzarre, MS2030, 1970)
-
Emerson,
Lake & Palmer: Works (Atlantic, 30.020, 1977)
Jazz
-
Miles
Davis: Filles de Kilimanjaro (CBS, 137755, 1971) - Cool jazz
mágico.
-
Lalo
Schifrin: The Dissection and reconstruction of music from the past
as performed by the inmates of Lalo Schifrin's demented ensemble as
a tribute to the memory of the Marquis de Sade (Verve, VELPS 88.02,
1970, CBD) - Instrumental, clássico imperdível.
-
Miles
Davis: Live - eviL (Columbia, G30954) - Duplo, com John McLaughlin e
Hermeto Paschoal.
-
Jan
Garbarek: Dansere (ECM, 1-1075, 1976) - Jazz nórdico.
-
Dick
Hyman, the Electric Eclectics of: Moog / The Minotaur (Fermata, SFB-259,
1969) - Uso insólito do sintetizador Moog nos primórdios da
música eletrônica.
-
Ralph
Towner: Solstice (ECM, 1060, 1975) - Gravado em Oslo.
-
Pharaoh
Sanders Quintet: Seven by Seven (ESP, 1003, 1965)
-
Herbie
Mann: Memphis Underground (ATCO, ALP605.022, 1969) - Um marco do
jazz-rock. Com Larry Coryell e Roy Ayers.
-
The
Mahavishnu Orchestra: The Inner Mounting Flame (CBS, 137803, 1973) -
John McLaughlin começa a meditar.
-
Thelonius
Monk: Greatest Hits (Columbia, CS9775)
-
Weather
Report: Mysterious Traveller (CBS, S.80027, 1974)
-
Larry
Coriell: Spaces (Vanguard, VALP-11966, 1974) - Com John Mc Laughlin,
Miroslav Vitous e Billy Cobham.
-
Oregon:
Music of Another Present Era (Vanguard, VALP-11760, 1973) -
Precursores do new age?
-
Weather
report: I Sing The Body Electric (Columbia, KC31352, 1972) -
Electric jazz histórico, com Joe Zawinul e Wayne Shorter
-
Larry
Coryell / Philip Catherine: Twin-House (Atlantic, 50.011, 1977) -
Duelo.
-
Free
Jazz: Free Orbit (MPS BASF, 14.006) - Jazz alemão.
-
Dave
Pike Set: Noisy Silence - Gentle Noise (BASF MPS, CRM687, 1969) -
Mais jazz alemão.
-
Oscar
Peterson: Reunion Blues (BASF MPS, 21.20908-5
-
Jacques
Loussier Trio: Play Bach Vol. 2 (London, LLN7302, 1966)
Eruditos
/ Vanguarda
-
Morton
Subotnick: Until Spring (Columbia, Y34158, 1976) - Criada no "Electric
Music Box".
-
Vários:
Electronic 2000 (Philips, 6585.007, 1973) - Músicas eletrônicas de
T. Mayuzumi, K. Penderecki, F. Bayle, etc.
-
ORTF
/ RAI: Prospective 21e. Siècle (Philips, 836.897) - Músicas de L.
Berio, B. Maderna, I. Xenakis e M. Kagel.
-
Walter
Carlos: A Laranja Mecânica (CBS 160203, 1974) - Trilha sonora do
filme de Stanley Kubrick.
-
Terry
Riley: A Rainbow on Curved Air / Poppy Nogood & The Phantom Band
(CBS, XSM150.361, 1970?) - Musica eletrônica minimalista .
-
Morton
Subotnick: Touch (Columbia, MQ31019) - Quadrafônico (SQ), composto
no sintetizador Buchla.
-
Jacob
Druckmann; Nicholas Roussakis: Animus II (CRI, SD-255, 1970?) -
Animus II foi realizada no Columbia-Princeton Electronic Music
Center.
-
Karlheinz
Stockhausen: Telemusik / Mixtur (Deutsche Grammophon, 173.012) -
Música para Orquestra, Geradores Senoidais e Modulador
Balanceado...
-
Grupo
Um: Reflexões Sobre a Crise do Desejo (JV, 002, 1981) - Lelo e
Eduardo Nazário, Félix Wagner e Eduardo Senise.
-
Karlheinz
Stockhausen: Stimmung (Deutsche Grammophon, 2543.003) - Vocal, 73
minutos de um único acorde de sétima e nona.
-
Jorge
Antunes: Música Eletrônica (E.S. Mangione, 15.003, 1975) -
Pioneiro da música eletrônica brasileira.
-
Columbia
Simphony Orchestra: The Varèse Album (Columbia, MG31078, 1972) -
"Eu não faço música experimental. Meus experimentos são
feitos antes de escrever a música" (Varèse).
-
Karlheinz
Stockhausen: Ceylon / Bird of Passage (Chrysalis, 6307.573, 1976) -
Aqui o filho do Stockhausen, Marcus, treina sua fase "new
age".
-
Quartetto
Italiano: Anton Webern (Philips, 6500.105, 1970?) - Inclui "Langsamer
Satz".
-
Walter
Carlos: Sonic Seasonings (Columbia, KG31234, 1972) - Duplo, quatro
sonoridades, talvez o melhor de Walter Carlos.
-
Gunther
Schuller: Tre Invenzioni / Contours (Columbia, AL34141, 1976) -
Inclui Ïl Giardino Religioso" de Bruno Maderna.
-
Krzysztof
Penderecki: Kosmogonia (Philips, 650.683, 1974) - O Homem e o
Universo. Inclui "Fluorescences" e "Anaklasis".
-
Walter
Carlos: Switched-On Bach (CBS, 160160, 1971) - Maior sucesso.
-
Vasant
Rai, Alla Rakha: Ragas (Vanguard, SRV73013, 1975) - Música indiana
sem Ravi Shankar.
-
Avant
Garde (Deutsche Grammophon, 137.011) - Inclui "Terminus
II" e "Funktion Grün" de G. M. Koenig, e obras de Z.
Pongrácz e R. Riehn.
-
London
Sinfonietta: Berio Conducts Berio (RCA, ARL1-2291, 1977) - Inclui
"Points on the Curve to Find" e "Chemins IV"
-
Pierre
Henry: La Reine Verte (Philips, 6332.015, 1971) - Trilha do
"Espetáculo Total" homônimo de Maurice Bèjart.
-
Music
From the Dartmouth International Electronic Music Competitions 1969
and 1970 (RCA, Turnabout, C-71.010, 1972) - Músicas de P. Clushanok,
R. Moore, J, V. Asuar, J. C. Risset, etc. A tradução dos textos é
uma pérola.
-
Ravi
Shankar: Transmigration Macabre (Spark, B1p-9054, 1973) - Trilha
sonora de filme inglês.
-
Ravi Shankar:
The Sounds of India (Columbia, CS9296) - Ragas com C.
Lal e N. C. Mullick.
-
Ravi
Shankar: The Genius Of (CBS, 159.005) - Mais ragas.
-
Pierre
Henry: Prismes (Philips, 6510.016, 1973) - Trilha de espetáculo
"espacio-lumino-dinâmico - cibernético" de Nicolas
Schöffer.
-
Music
of Our Times: New Music in Quarter-Tones (Odissey, 32.16.0162) -
Dois pianos desafinados tocam C.Ives, Teo Macero, C. Hampton e D.
Lybbert.
-
Rundfunkchor
Stocholm / Eric Ericson: Penderecki - Castiglioni - Ligeti - Werle (EMI
Electrola, C063-29075, 1972) - Digno de 2001.
-
London
Sinfonietta: Ligeti (Decca, ZAL.13995, 1976) - Melodien, Double
Concerto, Chamber Concerto.
-
Peter
Michael Hamel: Organum (Kuckuck, LC2099, 1986) - Gravado em PCM...
-
Karlheinz
Stockhausen: Electronic Music (Deutsche Grammophon, 138.811) -
Fundamental. Inclui "Kontakte" e "Canto dos
Adolescentes".
-
Lelo
Nazario: Discurso aos Objetos (Utopia, UT-17.532, 1984) - Com Paulo
Belinatti (45 rpm).
-
Walter
Carlos: By Request (Columbia, AL32088, 1975) - Quem diria: gravando
músicas dos Beatles e Burt Bacharach...
-
Fernando
Lopes: Cartas Celestes (Eldorado, 66.82.0352, 1982) - De Almeida
Prado, álbum triplo.
-
John
Cage: Variations II (Columbia, MS7051) - Inclui "Ensembles for
Synthesizer", de M. Babbit, e "Trois Visages de Liège",
de H. Pousseur.
MPB
-
Egberto
Gismonti: Nó Caipira (EMI, 064.422836, 1978) - Mais uma obra-prima.
-
Luciano
Perrone: Batucada Fantástica (Musidisc, XPL-4, 196x?) - Original,
capa de Aldemir Martins.
-
Marinho
Castellar: Beira Rio etc. (Continental, 526404027) - Obra
conceitual. A capa é um ovo, e o disco (amarelo e transparente) é
a gema.
-
Edu
Lobo: Missa Breve (Odeon, XSMOFB 3748, 1973) - Edu Lobo interpretado
pelo seu melhor intérprete: ele mesmo.
-
Quinteto
Armorial: Do Romance ao Galope Nordestino (Marcus Pereira, MPL-1017,
1975) - Interpretando Guerra Peixe, Capiba e outros mestres.
-
Geraldo
Vandré: Canto Geral (EMI Odeon, 062.421148, 1968) - "Desses
tempos em que falar de árvores é quase um crime..."
-
Heraldo
do Monte (Eldorado, 39.80.0364, 1980) - Um grande instrumentista.Uma
capa horrorosa.
-
Dick
Farney Trio: Concerto de Jazz ao Vivo (London, XLLB1097, 1973)
-
Quarteto
Novo (Odeon, SC-10.003, 1973) - Instrumental imperdível, com
Heraldo do Monte, Airto Moreira, Théo de Barros e (de terno e
gravata na capa!) Hermeto Paschoal.
Toca-discos
e Alto-Falante (G.S. 1977)
Guido Stolfi
Laboratório de Comunicações e Sinais - LCS
Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle
- PTC
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP
Av. Prof. Luciano Gualberto, trav.3, n.158 - Sala D3-21
Cidade Universitária
CEP: 05508-900 - São Paulo - SP
Brasil
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